8. Não-sei-quando de Março (2008)

Thursday 29 January 2009

Encontrei, no meu caminho, coisas diversas. Procurei por nenhuma delas, mas elas encontraram-me tampouco; nosso contato foi tão acidental quanto possível, desse jeito tão inesperado que, apenas assim desse jeito, permite as guardas baixas da surpresa e a furtiva entrada delas.

Há em mim, hoje, um recém-descoberto prazer por banhos frios, tomados do chuveiro feito cachoeira quando aberto ao seu máximo. Se caminhas para trás, porém, o friozinho do inverno iniciando faz-se presente anulando o gelo de quedas d'água... assim como a chuva, feito bênção após dias repetitivos de sol e sol, feito coisa nova -- pois então chuvia -- que caía, fazia dos meus banhos uma nuvem de vapor.

Levou ao ônibus pouco tempo para percorrer e ir e voltar no caminho, de velocidade espalhando a água suja empoçada no meiofio, onde o silêncio era por contemplação das gotas explodindo escorrendo nas janelas. Ando a pé agora -- ou no ônibus vazio --, as vezes até com, juro pela veracidade do fato!, uma barata morta que fez do all star moradia enquanto eu dormia, descoberta apenas quando os tênis foram despostos e ela deu às graças do mundo aparição esmigalhada. Porém, naquele dia, levou o ônibus tempos o bastante para um contato.

Como no velhoeste, com John Wayne, colt direcionada antes mesmo de seu "Hey peregrino" fazer os negros se virarem e -- bang! bang!! -- costurar o elo que une os negros do sul ao cristianismo, longe dos deuses que cuidavam de suas almas agora e além [dos berços aos portões d'ouro do Paraiso] no ventremãe da África -- ensine-os o rezar, dê-lhes tempo e, não se tarda, estão preso pelas bolas às terras da América --, era um alvo claro desde o princípio, a vítima. Não foram necessárias mais do que algumas palavras.

E então, quando menos s'esperava, as palavras eram tudo o que importava.

13 comments:

sem mais said...

É de fato uma resenha. Embora muito mais do rastro que da arte, se é que arte.

PS.: É sério esse negócio da barata. Ew.

Jimmy said...

Caramba, isso não é um texto, isso é a ilustração de toda a essência de alguma obra.

Eu pude sentir um cheiro de chuva, só de ler. Ops, aliás, está chovendo aqui anyway.

Parabéns.

Clementine said...

Sei lá, acabei de perceber que sou a única que ainda não postou nada neste blog. Estou em crise. Abandonar-te-ei, Intelectualóides.

sem mais said...

Mas talvez você seja exatamente a pessoa que mais incorpore o espírito da coisa, dado a forma como seus [apenas] comentários são gigantescos e não raro falam apenas sobre você mesma [ver: esse; anterior]!

Clementine said...
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Clementine said...

Talvez você tenha razão. O Jimmy encrencou quando eu lhe disse que minha função por aqui era comentar os textos que vocês escrevem, pensando que eu estivesse [não lembro a palavra que deveria estar aqui, mas acho que era uma palavra importante para o (não) entendimento do que eu (não) estou falando], mas a questão é que eu me divirto fazendo isso. É legal tomar o chá das cinco com vocês, dançando Danúbio Azul e falando sobre Proust, Hemingway, Bosswel, Sartre, (nenhum deles) e todo mundo, sobretudo, sobre nós e sobre a menina, ali da esquina, que caiu e quebrou um dente.

Ok, você acabou de me lembrar que eu falo bastante sobre mim. Ainda estou pensando se isso é bom ou mau. Pensarei até ter uma Claricevidência.

sem mais said...

Ah, mas o Jimmy tem certa razão em cobrar alguma coisa, já que não precisa ser parte da equipe para comentar, enquanto para publicar... fala, sei lá, sobre machado de assis. É quase piloto automático para você. 8D

Clementine said...

Eu não disse que o Jimmy não tinha razão, só disse que eu enxergava a minha 'função' de uma maneira diferente. Divergência de pontos de vista.

O ponto é que, embora não precise ser parte da equipe para comentar, o fato de eu ser parte da equipe faz com que meus comentários promovam uma maior interação.

Além disso, se eu não fosse parte da equipe, acha que eu encheria tanto o saco por causa da rotatividade de templates? (tá, eu encheria do mesmo jeito, mas não publicamente, saca?) :roll

Prometi nunca mais (meu 'nunca mais' dura menos do que um mês, mas tudo bem) falar sobre Machado, não com 'seriedade'.

Ainda não sei sobre o quê vou falar, nem se vou falar, mas eu sei que o texto virá, apaixonadamente como Peri, se tiver de vir.

Jimmy said...

Eu não entendi, mas sinto que esse romance entre vocês já possui contexto histórico.

Continuem, eu adoro histórias de amor.

Clementine said...

O senhor está debochando e eu não respondo a deboches.

sem mais said...

Ao Sr Jimmy cabeçudo,

minha namorada leu os comentários e os achou assaz infortuitos.

Se suas palavras deixarem-me em maus lençóis, arranjarei uma vingança ou, o que me ocorrer primeiro, comerei-lhe o rabo.

Abraços.

ps.: declaro aqui meu amor irresoluto pela minha namorada.

Jimmy said...

O meu comentário é apenas um comentário. O que existiu foi uma troca de carícias entre dois participantes do ISA, e isto é visível acima, independentemente de qualquer ilustração de minha parte.

Enfim, o amor existe, e ali ele está, eu nada faço nem fiz, apenas disse - e digo: HMSEINÃOPARECEUAMOR.

Aline, minto?

Clementine said...

Jimmy, meu marido disse que você é personagem de uma crônica que ele acabou de escrever. No mais, ele disse que tem um grande apreço por você, e que o amor dele pela minha pessoa é pleno.

Agora, falemos sobre o que interessa: ATUALIZEM, SEUS PUTOS! Se não atualizarem, vou fazer um post GIGANTESCO sobre Raul Seixas (sim, Jimmy, eis sua oportunidade de me tirar do ISA.) que ninguém vai ler. E pensem pelo lado bom, o post sobre o Raul ainda é menos pior do que o que eu pretendia fazer. Eu falaria sobre futebol. Mas eu acabei falando (um pouco) sobre isso em um tópico do Campeonato Paranaense de algum fórum.