pág. 120, O idiota, Dostoiévski.

Sunday 18 January 2009

Há uma profusão desnecessária de personagens nessa página, de tal forma que o leitor mais atento não consegue se fixar em qualquer um deles; na verdade, são personagens muito planos, sem nenhum desenvolvimento dramático e função dramatúrgica. As falas, que também abundam, frequentemente não indicam o remetente: como se pode esperar algum entendimento por parte do leitor? O autor tenta seguir as novas teorias narrativas sem o menor sucesso, de forma que ao menos um parágrafo introdutório faria toda a diferença. Poder-se-ia explicar, por exemplo, quem é Vária, Chère Babette, Ptítzin, Kólia, Aglaia, Matriona, Gánia, Varvara Ardaliónovna, príncipe, Gavrila Ardaliónovitch, onde esse monte de gente está? Sobre que estão falando?



-- Duas palavras, príncipe, eu tinha até me esquecido de lhe falar daqueles... assuntos. Tenho um pedido: faça-me o favor -- se isso não lhe causar grande esforço --, não tagarele sobre o que acabou de acontecer entre mim e Aglaia, nem sobre o que o senhor vai encontrar aqui; porque aqui também há bastante coisa revoltante. Aliás, com os diabos.. Pelo menos hoje se contenha.


Ora! e isso não é modernismo dos mais fajutos? Exige-se do leitor uma participação absurda, toda uma construção de enredo que a página falha miseravelmente em transmitir. Para mim, "lá" pode ser um campo de futebol, uma casa na árvore, uma bunda etc enfim.

Ou seja, finalmente: acaba-se a página no meio de uma sentença, o que, longe de estragar a história, funciona efetivamente como único momento de suspense e dramaturgia e concretismo de toda a página. A frase interrompida é o homem que observa tudo escondido, é o mistério das sombras.

Era um senhor de uns trinta anos, baixa estatura, espadaúdo e uma cabeça enorme, coberta por cabelos encaracolados e meio ruivos. Tinha o rosto carnudo e corado, lábios grosos, nariz largo e achatado, olhos pequenos,


A figura horripilante e sem nome, felizmente, permanece na escuridão absoluta.

P.S.: Há um erro horrível que é o seguinte: "e havia maldito quarto, também como se estivesse desconcertado". O certo é "e havia o maldito quarto" e, ainda assim, não faz o menor sentido.

16 comments:

sem mais said...

O mesmo poderia ser dito do senhor.

Cidadão ³ said...

Olha aqui, idiota é a senhorassua.

Jimmy said...

O senhor não entendeu: o mesmo pode ser dito do senhor, que não faz sentido algum também.

Cidadão ³ said...

O senhor que não entendeu minha desvirtuação, idiota.

Jimmy said...

A sua desvirtuação não faz sentido algum também, sinto muitíssimo.

Jimmy said...

E além disto, o senhor não compreendeu a nenhum de nós. Maurício lhe chamava de idiota, de fato, eu que desvirtuei seu comentário, não para invalidá-lo, mas para adicionar, também, o "nonsense" para o seu currículo. Assim, o senhor teria acusações para todos os níveis e tipos de esplendor estúpido que se tem conhecimento.

Vê?

Cidadão ³ said...

Jimmy, eu acho que eu esqueci de trocar suas fraldas.

Jimmy said...

Ricardo, Ricardo, nunca sabe a hora de ficar calado!

[e btw, aquilo não eram fraldas, eram as meias que eu usei para chutar a sua bunda]

Cidadão ³ said...

Você nunca chupou minha bunda, querido.

Jimmy said...

Então era isso que você queria dizer quando escreveu que ia chutar as minhas partes íntimas!

Clementine said...

Fim do recreio, crianças.

sem mais said...

Recai, triste, sobre mim a culpa de que tudo isso poderia ter sido evitado se tivesse eu deixado claro que amo todos em igualdade! Agora é tarde... RIP.

Jimmy said...

Vocês dois deixem de urubices e voltem ao trabalho.

[sempre quis dizer isso, voltem ao trabalho]

Stavka41 said...

O título do texto do caro "Cidadão" deveria ter como título "Dostoiévski por um lapônio": basta ler as cento e dezenove páginas anteriores para saber quem são as personagens daquela página; e basta ler uma única página adiante para saber que a personagem semi-oculta atrás da porta é Fierdischenko. Emitir qualquer julgamento acerca de uma obra de quase setecentas páginas tendo lido apenas uma — ao acaso, como parece — é sinônimo de qualquer coisa cujo significado seja oposto ao de inteligência. E, como se trata de Dostoiévski, é também um tipo de arrivismo intelectual apressado e mal ajambrado: a crítica literária daqueles leitores de orelhas de livro. Dito de forma mais simples e concludente, o texto é estúpido, frívolo e desonesto.

Cidadão ³ said...

Fabrício Barros;

Você é um gênio. Obrigado por mostrar minhas falhas teóricas em tal enjambement meu. Eu sabia que havia algo errado, mas não entendia o quê.

Anonymous said...

pooooo
se tu tivesse lido mais duas páginas ia saber do Fierdischenk e tudo o mais


c